Os Invisíveis

A Deficiência Intelectual (DI) se caracteriza pela presença de limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, iniciando-se antes dos 18 anos de idade. Os prejuízos presentes variam de quadros severos até aqueles mais sutis que poderão ser de mais difícil identificação.


Estima-se que afete cerca de 1,34% da população brasileira, o que significa 2,5 milhões de pessoas. Quando separamos a DI pelo grau de prejuízos presentes, temos que casos considerados leves equivalem a cerca de 85%, 10% são moderados, severos 4% e profundos 2%.


Por razões óbvias, os casos com sintomatologia mais grave são aqueles que são mais facilmente e precocemente identificados, mas os casos mais leves, não raramente, não são corretamente diagnosticados e, não infrequentemente, são invisíveis, por assim dizer, frente aos familiares, aos professores e mesmo a alguns profissionais da área da saúde e educação.


Há alguns anos atrás, em uma reunião com o então Secretário da Educação do Estado de São Paulo, quando discutíamos a necessidade de melhorar o atendimento às crianças com DI matriculadas na rede estadual de Educação, o Secretário me perguntou:


— Afinal de contas, onde estão tantos deficientes aos quais vocês se referem?


Respondi a ele: “


— Secretário, atravesse a rua e entre naquela escola situada logo à nossa frente, e o senhor os encontrará, embora na grande maioria dos casos eles não tenham sido identificados como tal. Possivelmente estarão com diagnósticos como TDAH, Dislexia, Problemas Comportamentais etc.


Se não pensarmos que essa condição existe, que é frequente e é passível de diagnóstico a partir de protocolos de diagnóstico adequados, eles continuarão Invisíveis no que tange às suas características e necessidades.


30 out., 2023
Parcela substancial da população apresenta níveis de inteligência inferiores aos considerados normais. A DI se caracteriza pela redução significativa das habilidades cognitivas bem como por prejuízos no comportamento adaptativo, o que leva a dificuldades na interação social, na comunicação, no raciocínio e, por consequência, na aprendizagem de modo geral.  Pode se apresentar em níveis variados de comprometimento, e podem ser reconhecidos os níveis leve, moderado, severo e profundo. Cerca de 85% dos casos são leves, podem passar desapercebidos por muitos anos e ser confundidos com outras condições. O instrumento mais adequado para o diagnóstico de DI é a avaliação neuropsicológica.
30 out., 2023
Não é rara a informação dos pais de que “meu filho é muito difícil” para se referir a várias queixas tais como: “ele é muito inquieto”, “ele não obedece”, “ele não faz o que a gente pede”, “ele cria problemas em vários locais, inclusive na escola, “quando pedimos alguma coisa para ele, a primeira resposta é “não”, “ele não aceita combinados”, “ele só faz o que ele quer” etc. Evidentemente, algumas condições tais como o Transtorno Opositor Desafiador e a Hiperatividade devem ser consideradas e identificadas corretamente para que possam ser tomadas medidas que visem a minimizar as inadequações presentes. No entanto, tenho atendido inúmeras crianças que, apesar de apresentarem queixas como as mencionadas, não preenchem os critérios necessários para definir um diagnóstico definido. Quero chamar a atenção aqui para a existência de “crianças difíceis” que, simplesmente, têm comportamentos que podem realmente incomodar, mas que não tem têm necessariamente “um diagnóstico”. Ainda que não se identifique uma condição específica, intervenções como terapia psicológica e orientação familiar podem reduzir significativamente os comportamentos ditos “difíceis”.
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