Consultas Online

Em anos recentes passamos por várias situações que levaram à implementação de consultas médicas online.


Evidentemente, uma das causas que podemos identificar foi a pandemia da Covid-19 que fez com que, por vários meses, tivéssemos que evitar o contato com outras pessoas, o que dificultou ou impediu que as pessoas fossem aos consultórios médicos.

Por outro lado, tivemos também o grande desenvolvimento tecnológico que permitiu o acesso à internet de grande parte da população bem como o uso crescente desse modo de comunicação.


Dessa forma, vários profissionais da saúde passaram a oferecer a possibilidade de consultas online. Porém, ao menos em minha opinião, ainda que em algumas circunstâncias esse tipo de atendimento possa atender aos critérios de algum tipo de diagnóstico ou de prescrição de algum método de tratamento, essa forma de atendimento não é a ideal.


Concordo que, em alguns casos, consultas online possam ser efetivas. Como exemplo posso citar terapias em que paciente e terapeuta possam, por meio de conversas online, identificar problemas e discutir possíveis soluções; casos em que uma imagem compartilhada online por si só leve ao diagnóstico (como em determinadas lesões cutâneas); e em casos de interpretação de algum exame de laboratório ou de imagem.


No caso de profissionais que dependem de uma avaliação em profundidade do desenvolvimento de uma criança, parece-me imprescindível que haja um ou mais contatos pessoais, na medida em que é fundamental que o profissional da saúde possa avaliar a interação da criança com seus acompanhantes e com ele mesmo, observar como a criança brinca com vários objetos e brinquedos que lhe serão ofertados, como ela se comunica, como entende e participa das brincadeiras e, finalmente, mas não menos importante, quais os dados que podem ser obtidos pelo exame físico.


Pelo que foi aqui exposto, acho que fica claro por que, em especialidades como a minha – Neuropediatria, consultas online não são indicadas, exceto em caso de um paciente já conhecido que necessite apenas de uma atualização pontual.


30 out., 2023
Parcela substancial da população apresenta níveis de inteligência inferiores aos considerados normais. A DI se caracteriza pela redução significativa das habilidades cognitivas bem como por prejuízos no comportamento adaptativo, o que leva a dificuldades na interação social, na comunicação, no raciocínio e, por consequência, na aprendizagem de modo geral.  Pode se apresentar em níveis variados de comprometimento, e podem ser reconhecidos os níveis leve, moderado, severo e profundo. Cerca de 85% dos casos são leves, podem passar desapercebidos por muitos anos e ser confundidos com outras condições. O instrumento mais adequado para o diagnóstico de DI é a avaliação neuropsicológica.
30 out., 2023
Não é rara a informação dos pais de que “meu filho é muito difícil” para se referir a várias queixas tais como: “ele é muito inquieto”, “ele não obedece”, “ele não faz o que a gente pede”, “ele cria problemas em vários locais, inclusive na escola, “quando pedimos alguma coisa para ele, a primeira resposta é “não”, “ele não aceita combinados”, “ele só faz o que ele quer” etc. Evidentemente, algumas condições tais como o Transtorno Opositor Desafiador e a Hiperatividade devem ser consideradas e identificadas corretamente para que possam ser tomadas medidas que visem a minimizar as inadequações presentes. No entanto, tenho atendido inúmeras crianças que, apesar de apresentarem queixas como as mencionadas, não preenchem os critérios necessários para definir um diagnóstico definido. Quero chamar a atenção aqui para a existência de “crianças difíceis” que, simplesmente, têm comportamentos que podem realmente incomodar, mas que não tem têm necessariamente “um diagnóstico”. Ainda que não se identifique uma condição específica, intervenções como terapia psicológica e orientação familiar podem reduzir significativamente os comportamentos ditos “difíceis”.
Share by: