TEA: 1:36?

Recentemente o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicou o resultado de pesquisa sobre a prevalência (número de casos de uma determinada doença em um local em um período de tempo determinado) do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) como sendo de uma em cada 36 pessoas com idades variando de 3 a 17 anos.

Quando olhamos para a prevalência dessa condição em períodos anteriores, notamos que houve um aumento exponencial nesses números. Mas, uma crítica que se faz ao CDC é a de que os autores não discutem as possíveis causas desse aumento.

Se aceitarmos como exata essa nova estimativa, penso que vale a pena tentar justificar esse aumento.

Um primeiro aspecto que poderia ser invocado é o de que o próprio conceito de TEA se modificou muito nos últimos anos. O que se admite hoje na definição do Espectro é, de longe, muito diverso do quadro clínico descrito por Kanner e por Asperger. 

Me parece óbvio que, quando você aumenta o tamanho do “guarda-chuva” TEA, cabe ais gente embaixo dele. Dessa forma, acredito que casos que hoje são diagnosticados como TEA nível 1 não teriam esse diagnóstico alguns anos atrás.

Outra possível explicação é que, à medida que essa condição passou a ser muito mais conhecida, passou também a ser mais reconhecida.

Como admitimos hoje, o TEA é uma condição multifatorial em que estão presentes fatores genéticos bem como ambientais. Ora! Se pudermos identificar fatores ambientais que têm aumentado nos últimos anos, talvez possamos explicar melhor o aumento nos diagnósticos de TEA.

Alguns fatores ambientais têm sido implicados como agentes que aumentam o risco do nascimento de crianças que apresentarão sinais e sintomas do TEA: obesidade materna, infecções durante a gestação, uso de medicamentos anticonvulsivantes (acido valpróico) e antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) são alguns dos fatores que já foram relacionados a risco aumentado para o TEA nos produtos dessas gestações.

Me parece que este assunto (aumento no número de diagnósticos de TREA) ainda merece ser mais bem esclarecido, pois restam muitas perguntas sem resposta convincentes.

30 out., 2023
Parcela substancial da população apresenta níveis de inteligência inferiores aos considerados normais. A DI se caracteriza pela redução significativa das habilidades cognitivas bem como por prejuízos no comportamento adaptativo, o que leva a dificuldades na interação social, na comunicação, no raciocínio e, por consequência, na aprendizagem de modo geral.  Pode se apresentar em níveis variados de comprometimento, e podem ser reconhecidos os níveis leve, moderado, severo e profundo. Cerca de 85% dos casos são leves, podem passar desapercebidos por muitos anos e ser confundidos com outras condições. O instrumento mais adequado para o diagnóstico de DI é a avaliação neuropsicológica.
30 out., 2023
Não é rara a informação dos pais de que “meu filho é muito difícil” para se referir a várias queixas tais como: “ele é muito inquieto”, “ele não obedece”, “ele não faz o que a gente pede”, “ele cria problemas em vários locais, inclusive na escola, “quando pedimos alguma coisa para ele, a primeira resposta é “não”, “ele não aceita combinados”, “ele só faz o que ele quer” etc. Evidentemente, algumas condições tais como o Transtorno Opositor Desafiador e a Hiperatividade devem ser consideradas e identificadas corretamente para que possam ser tomadas medidas que visem a minimizar as inadequações presentes. No entanto, tenho atendido inúmeras crianças que, apesar de apresentarem queixas como as mencionadas, não preenchem os critérios necessários para definir um diagnóstico definido. Quero chamar a atenção aqui para a existência de “crianças difíceis” que, simplesmente, têm comportamentos que podem realmente incomodar, mas que não tem têm necessariamente “um diagnóstico”. Ainda que não se identifique uma condição específica, intervenções como terapia psicológica e orientação familiar podem reduzir significativamente os comportamentos ditos “difíceis”.
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